terça-feira, 29 de maio de 2007

Greve

Eu não acredito em greves.... O fundamento da coisa está no incómodo que podemos causar ao cidadão comum, com a agravante de no nosso caso ser um cidadão potencialmente doente, incómodo de tal forma insuportável que o levamos a pressionar as instâncias x a vergarem-se perante uma reinvidicação (mais ou menos legítima) dessa forma, digna dos desígnios de certo Marquês do passado. Ou seja, chateamos uns para esses lá convencerem o outro a fazerem o que nós queremos. Ainda que o outro ache que não temos razão nenhuma, e que os primeiros gostassem na realidade é que nos obrigassem a trabalhar, quiçã com umas vergastadas com vara verde para nos deixarmos de caprichos. É perverso, já que os mais fracos é que sofrem, e ser pela exaustão dos mais fracos que se procura atingir um determinado fim. Quantos de nós não quiseram já passar com 8 carruagens por cima do maquinista da CP que se baldou numa greve, ou do motorista da Carris? Por aí depreendo que com os médicos não há de ser diferente, quando um doente chega ao almejado dia da consulta, muitas vezes marcada tardiamente relativamente à sua necessidade, e chegado o bendito conclui que por infelicidade esse calhou num dia de greve e o médico ficou em casa, com marcação posterior da mesma. Ou chega à Urgência e nota que as centenas de almas que deveriam ir ao SAP da zona (agora USF) acabaram por optar pelo serviço de Urgência Central, e estão à sua frente? E quem não tem capacidade para chatear, numa sociedade assim, lixa-se. Pois não pode fazer greve. Pena é que também se lixe quem tem esse poder e não o exerce. Bem sei que o autismo das entidades eleitas pode também levar ao desespero daqueles que lhes tentam fazer chegar a voz, por vezes razoável. Mas não devia ser assim. Ou só devia ser assim em último caso. E em último caso não é uma vez por ano. É uma vez por legislatura, ou menos ainda, e ter adesão total (senão revela que o protesto nem chega a ser consensual) e prolongada. E deve ser séria, ser explicada (a começar aos interessados na greve, o que raramente é o caso). E nunca coincidir com tangentes aos fins de semana (honra seja feita a esta...). Eu não vou fazer greve. Vou votar, daqui a poucos anos. PS: acabo aqui, já que bem sei que isso do "votar" teria mais uma bíblia de considerações pela frente, e uma conclusão triste. Mas olho para a França e espero um futuro melhor, nesse capítulo de Democracia participativa....

1 comentário:

naoseiquenome usar disse...

na greve há interesses valiosos em conflito, em que supostamente estarão acautelados os interesses cujo bem tem dignidade maior.
Mas é sempre perturbador sim. E o fulgor de outros tempos que não vivi, parece ser irrepetível.
Vale a consciência de cada um, se a houver.