terça-feira, 27 de março de 2007

Aquilo do Salazar...

Engraçado, o concurso. Em primeiro lugar, meritório. Falou-se de História, foi interessante, terá aberto o apetite a alguma gente para aprofundar os temas. Em segundo lugar, paradigmático. O vencedor, um ditador consumado, seguido por um aspirante frustrado, um "grande português" que sempre achou que era (e desejou ser) soviético, mas enfim, as pessoas é que sabem. A Coreia do Norte e Cuba são democracias, sei lá. A figura patética (representativa?) do clube anti-fascista, tão do povo, pelo menos de uns 10%, que despreza tanto aqueles que discordam. Mas devo estar a fazer confusão, afinal a criatura é toda ela a encarnação da liberdade, e devo-lhe certamente imenso da minha fatia de felicidade actual. A figura histérica de uma tal ex-embaixadora, com pose fotofóbica (porque fica bem) a esconder a exoftalmia natural da raiva dificilmente contida, mas que lá veio ao de cima de cada vez que se afloraram pontos tão quentes como: não há mulheres; alcoolismo um defeito? homossexualidade um pecado? e a redenção e pedidos de desculpas pelos nossos vergonhosos antepassados esclavagistas? A tal Pinhão, apesar de tudo com laivos de humor esforçado, e a Pessoa-lover, não deixam antever mudanças de cenário nos próximos tempos. Agora mais a sério. Isto, como já todos percebemos, não representa nenhum saudosismo do Estado Novo. Representa desprezo pelos engravatadinhos que nos dizem que o País vai bem, que roubam e deixam roubar a pretexto de se "administrar" uma qualquer chafarica financiada pelo dinheiro de todos nós, que nos apertam o cinto enquanto entram nas suas renovadas frotas de bólides. oferecidos por nós. É o desprezo pela Democracia, pela obrigatoriedade de termos que escolher um daqueles candidatos, de quem à partida desconfiamos, pela incapacidade de se discernir o justo e o sério de um meio onde tal coisa não parece existir. É o fosso que separa ricos de remediados de pobres. Os primeiros no Éden. Os segundos no desassossego. Os terceiros aprisionados frente à SportTv, à espera que a Selecção os faça esquecer durante uns minutos a sua condição de excluídos dos fogachos da cidadania qualificada. Eu estou bem, pertenço ao clube do meio. Longe de mim queixar-me da vida, para já. Não aspiro a promoções, o meu feitio não se coaduna com mais altos vôos. Mas sinto que as coisas vão mudar nesta e noutras sociedades, assim surja o nosso Le Pen, Shroeder ou afim. Perante o autismo generalizado, contemplado e cultivado. Ideação suicidária?

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